Ensino das emoções entra no calendário das escolas

Com as habilidades socioemocionais dentro da nova Base Nacional Comum Curricular, escolas já estão se preparando para ensinar aos alunos como ter autocontrole e empatia, promovendo o respeito e a tolerância dentro e fora do ambiente escolar

dino

Do mesmo jeito que ensinamos as crianças a nadar e andar de bicicleta, devemos ensiná-las a lidar com suas emoções

21/02/2018 –

Saber lidar com as emoções faz parte dos desafios do século atual. Desenvolver autocontrole, empatia e resiliência desde cedo pode colaborar para um maior desempenho de crianças e adolescentes não só dentro da escola, mas também em seu cotidiano fora dela. As habilidades socioemocionais já fazem parte, inclusive, da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), onde 5 das 10 competências básicas propostas para o currículo escolar são de ordem socioemocional.

Mesmo com as novas regras tendo até 2019 para começarem a ser implantadas, diversas escolas já estão adotando iniciativas que cumprem com o objetivo de ensinar as habilidades socioemocionais. Uma das iniciativas é proposta pelo Programa Semente, metodologia que está oferecendo às escolas brasileiras a possibilidade de preparar seus alunos a lidarem com a aprendizagem socioemocional através do domínio das emoções. Entre as escolas que estão aderindo ao Programa estão o Colégio Mater Amabilis, de Guarulhos e o Colégio Madre Paula Montalt, da capital.

“Analisando a proposta pedagógica do Colégio Mater Amabilis junto com a demanda dos alunos e famílias, vimos a importância de trazer para a instituição a abordagem das habilidades socioemocionais na sala de aula, de forma estruturada e inserida na grade escolar”, afirma o mantenedor da escola, Carlos Eduardo Portela Godoy. Para ele, a inclusão do tema socioemocional na BNCC reforça que toda instituição de ensino deve ter foco no aluno.

Godoy diz também que para o Colégio Mater Amabilis o autoconhecimento e a empatia são tão importantes quanto a alfabetização e os estudos de linguagens, ciência e matemática, por exemplo. “Temos a expectativa de proporcionar a nossos alunos um desenvolvimento mais completo e prazeroso”, conclui.

Para a diretora do Colégio Madre Paula Montalt, Rosana Baldarena Moraes, a proposta do Programa condiz com a da escola. “Essa união veio para sistematizar o ensino das habilidades socioemocionais que o Colégio Madre Paula já trabalhava, mas sem saber o que era”, afirma. A importância da aprendizagem emocional vai além da escola: “existe uma grande expectativa de que esse novo ensino ajude na relação dos alunos com suas famílias, e também na aproximação das famílias com a própria escola”, conclui Rosana.

Na prática – Numa aula sobre autoconhecimento e autocontrole do Programa Semente, por exemplo, o aluno é incentivado a refletir sobre suas emoções e se conhecer melhor. De forma estruturada, o programa trabalha os cinco domínios: autoconhecimento, autocontrole, empatia, tomada de decisões responsáveis e habilidades sociais. O controle da ansiedade, por exemplo, é fomentado com estratégias que auxiliam os estudantes a enfrentarem situações, procurando reconhecer os desafios e as capacidades de forma realista e sem distorções.

“Saber reconhecer emoções, relacionando-as com os pensamentos que as geram e entendendo como tudo isso influencia o comportamento permite que cada um compreenda melhor as próprias limitações e conheça suas fortalezas, o que aumenta a confiança, o otimismo e a autoestima”, afirma Celso Lopes de Souza, médico psiquiatra e fundador do Programa Semente. Para isso, o programa ensina ao aluno estratégias para identificar e questionar os pensamentos, especialmente quando há uma emoção desconfortável.

Para Celso, as competências socioemocionais, se trabalhadas com êxito nas escolas, e também em casa, podem contribuir para formar uma geração que não possua apenas habilidades técnicas e cognitivas, mas que saiba, sobretudo, lidar com suas emoções. “Os pais e as escolas precisam incorporar que as emoções importam. Do mesmo jeito que ensinamos as crianças a nadar e andar de bicicleta, devemos ensiná-las a lidar com suas emoções”, conclui.